16 de fevereiro de 2011


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio

Num fundo de armário
Na posta-restanteMilênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vãoTentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas

Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilizaçãoNão se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis

Futuros amantes, quiçáSe amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.


 Futuros Amantes
Chico Buarque


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